Por que uma vacina contra Covid-19 com eficácia superior a 50% já é útil
A Coronavac, vacina do Instituto Butantan e da Sinovac contra a Covid-19, demonstrou uma eficácia de 50% em seus estudos de pré-aprovação no Brasil, segundo o Butantan.
A da AstraZeneca e da Universidade de Oxford de tem em média, uma eficácia de 70%. Já as da Pfizer e da Moderna alcançaram mais de 90%. A Organização Mundial de Saúde (OMS) pede que esse número atinja pelo menos 50% frente ao coronavírus.
Com números tão diferentes entre si, fica a dúvida: imunizantes menos eficazes são inúteis? E a resposta é não!
“No cenário em que vivemos, quanto mais vacinas tivermos, melhor”, aponta o infectologista Renato Kfouri, presidente do Departamento de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).
O Reino Unido decidiu adiar a entrega da segunda dose da vacina da Pfizer, para que mais britânicos tenham acesso rápido a pelo menos uma aplicação do imunizante. Mesmo que a eficácia desse esquema seja ligeiramente menor, ele teria mais impacto na taxa de mortes e hospitalizações por Covid-19 e garantia, em um curto prazo, uma distribuição mais ampla. A proposta também está sendo debatida em outras nações.
O índice de eficácia é calculado na fase 3 dos estudos com humanos. Essa é a última etapa antes dos pedidos de aprovação, que conta com dezenas de milhares de voluntários.
Metade recebe a vacina em si, enquanto a outra metade, que é chamado grupo controle, fica com um placebo. Ninguém sabe o que está tomando. A partir daí, os pesquisadores acompanham quantos participantes desenvolveram a Covid-19.
“Ao chegar em uma quantidade pré-determinada de infecções, abrimos os dados para saber quantos voluntários receberam a vacina e quantos o placebo”, explica Kfouri.
A eficácia de prevenir a doença sai justamente da diferença entre essas duas turmas, considerando um período pré-determinado pelo estudo. Portanto, uma vacina com 50% de eficácia evitaria 50% dos casos de Covid-19 que seriam esperados se ela não tivesse sido aplicada.
Ou seja, a vacina é a melhor opção para combatermos o vírus, de uma forma controlada, fazendo com que o índice de contágio pela Covid-19 caia drasticamente e evite um colapso maior ainda sobre o que estamos vivendo.
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